Allan dos Santos está fora do sistema da Interpol
- Gi Palermi
- 22 de fev.
- 2 min de leitura
Na escuridão da injustiça, poucos sabem o peso de um nome inscrito na lista vermelha da Interpol. Essa não é uma mera relação de nomes, mas um catálogo sombrio onde se encontram os mais temidos criminosos do mundo: assassinos, terroristas, narcotraficantes que destroem a sociedade disseminando todo tipo de drogas, além de traficantes internacionais de pessoas e órgãos. E ali, entre os condenados da história, inscreveram o nome de um jornalista.
Allan dos Santos, cuja única arma sempre foi a palavra, viu-se caçado como se fosse um foragido da lei. Um profissional que fundou o Terça Livre, uma empresa de comunicação independente, com trinta funcionários e três programas diários transmitidos ao vivo, foi tratado como um pária. Seu crime? Pensar livremente. Falar sem amarras. Denunciar o que muitos desejavam calar.
Forçado ao exílio nos Estados Unidos em julho de 2020, Allan dos Santos tornou-se alvo de inquéritos abertos por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O inquérito 4874, apelidado de "inquérito das milícias digitais", foi a chave da perseguição, levando à PET 9935, que resultou na decretação de sua prisão preventiva. O sigilo desse processo caiu nesta sexta-feira (21.fev.2025), expondo o que já se suspeitava: as acusações baseavam-se em sua atuação jornalística, não em crimes concretos.
A Polícia Federal alegou que Allan incitava a desestabilização do Estado Democrático de Direito, promovia a polarização e desacreditava instituições públicas. O crime de expor verdades inconvenientes tornou-se, para o establishment, uma afronta imperdoável. Além disso, a monetização de suas redes sociais foi citada como prova de que ele buscava vantagens financeiras – como se a atuação jornalística de informar e ser financiado por sua audiência fosse algo ilícito.
Uau! Ninguém poderia imaginar que as revistas Veja, Época, Exame, Crusoé, assim como os jornais O Globo, Estadão, Correio Brasiliense e tantos outros estão infringindo uma lei ao venderem assinaturas aos leitores e espaços publicitários para patrocinadores. Afinal, era exatamente isso que a empresa Terça Livre fazia!
A Interpol, porém, resistiu. Mesmo com o pedido de Moraes para tornar pública a inclusão de Allan na lista vermelha, a organização temeu que tal ordem fosse baseada em perseguição política e cerceamento da liberdade de imprensa. Em outubro de 2024, a Comissão de Controle dos Arquivos da Interpol acatou o pedido da defesa e retirou o nome do jornalista de seus sistemas, reconhecendo a gravidade da injustiça. A queda do sigilo levou à queda da máscara de um processo turvo, repleto de falhas e contradições.
Ainda que agora o processo seja público, acessar seus autos não é uma tarefa fácil. Documentos repetidos, páginas desordenadas, trechos soltos – tudo parece moldado para dificultar a verdade. Mas a verdade resiste. E ela grita: um jornalista foi caçado, calado, apagado dos registros oficiais da mídia brasileira. Tornado um párea por aqueles que não tem valor, mas preço.
O nome de Allan dos Santos jamais deveria ter estado na lista dos grandes criminosos do mundo. Sua voz, sim, deveria ecoar como um alerta para todos que prezam pela liberdade. Se um jornalista pode ser tratado assim, quem será o próximo? A justiça, quando servil ao poder, não é justiça – é apenas um instrumento de opressão. Que sua remoção da lista vermelha da Interpol seja um sopro de esperança e não um alívio passageiro na tempestade da perseguição política.
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