Araxá no escuro, Cemig na desculpa
- Gi Palermi
- 26 de mar.
- 2 min de leitura
Os moradores de Araxá estão cansados. Cansados de promessas, de desculpas e, principalmente, dos apagões que se tornaram rotina tanto na cidade quanto na zona rural do município. E os vereadores deixaram isso claro na Audiência Pública realizada nesta quarta-feira (26.mar.2025) na Câmara Municipal. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) mais uma vez vendeu um discurso bonito, recheado de bilhões em investimentos e previsões otimistas, mas que pouco, ou nada, condiz com a realidade enfrentada pelo cidadão araxaense.
Os representantes da empresa, Wellington Fazzi Cancian e Emerson Sales da Cruz, tentaram dourar a pílula, falando de melhorias e planos para a região. Mas os vereadores não engoliram. Rodrigo do Comercial Aeroporto foi direto ao ponto: a Cemig que a empresa apresentou não é a mesma da realidade que presta serviço ao cidadão em Araxá. João Veras ironizou que, apesar da cidade ser a terra natal do governador Romeu Zema, tem sido tratada nos últimos anos como um vilarejo pela concessionária. Maristela Dutra reforçou que ofícios enviados à Cemig sequer são respondidos. Fernanda Castelha também pontuou os diversos casos em que enviou ofícios à empresa e sequer foi respondida.
Fato é que a população não aguenta mais desculpas. Os produtores rurais estão sendo duramente prejudicados. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Osmar Gonçalves, expôs o drama de quem lida com a agropecuária: quedas de energia interrompem o ciclo produtivo, causando prejuízos que não se resumem a uma simples perda momentânea. No setor leiteiro, por exemplo, um apagão de dois dias pode comprometer um mês de trabalho. Na agricultura, um dia sem irrigação pode significar a perda de toda uma safrinha. E o pior: o religamento, que deveria ser rápido, às vezes demora cinco dias.
Enquanto os produtores perdem dinheiro, os moradores da cidade sofrem com eletrodomésticos queimados, falta de previsibilidade e o desconforto de um serviço essencial prestado de forma precária.
O discurso da Cemig inclui investimentos de R$ 49,2 bilhões de 2019 a 2028 e a promessa de que uma nova subestação na cidade melhorará a situação. Mas, até agora, o que a população vê é apenas mais do mesmo: apagões frequentes e a demora absurda para resolver os problemas.
No fim da audiência, a Cemig prometeu dar retorno às demandas apresentadas pelos vereadores e pela população. O gerente Emerson Sales pediu que os parlamentares listassem as prioridades para que a empresa pudesse responder com prazos. Mas a verdade é que a paciência do povo de Araxá está se esgotando. O que a cidade precisa não é de mais promessas, mas de ações concretas e imediatas para garantir um serviço digno a quem paga caro por ele.
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