De piada a realidade: a "Boscolândia" e a exibição de poder
- Gi Palermi
- 8 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de jan.
Durante o período eleitoral, era comum ouvir pelas ruas de Araxá a expressão "Boscolândia" sendo usada de forma irônica, às vezes até jocosa, para se referir ao futuro da cidade caso o deputado estadual Bosco continuasse na Assembleia Legislativa e seu filho, Bosco Júnior, assumisse como vice-prefeito.
O que parecia uma piada para muitos, no entanto, parece ter se tornado algo mais concreto para outros. Um exemplo disso foi um bilhete inusitado, pregado na porta do gabinete do então presidente da Câmara Municipal e vice-prefeito eleito, Bosco Júnior.
Ele dizia:
"Atenção:
Bata 23 vezes na porta, conte até 32.216 votos entre no gabinete do futuro vice-prefeito de Araxá, ou BOSCOLÂNDIA, tanto faz.
Um oferecimento: Rádio Itatiaia."
Se isso lhe pareceu indelicado, provocativo ou até desrespeitoso, talvez seja porque você não acompanhou a sessão ordinária que aconteceu no mesmo dia (8.out.2024).
Pela primeira vez, os vereadores foram surpreendidos com a presença do prefeito reeleito Robson Magela e de todo o primeiro escalão de sua administração. Em uma demonstração de força política, até Bosco, o pai, apareceu na sessão e foi convidado à mesa das autoridades. E, só uma hora e meia depois de discursos e trocas de afagos, a sessão ordinária começou de fato.
E foi aí que veio o momento mais emblemático. Enquanto o vereador Luiz Carlos Bittencourt, um oponente declarado do grupo político que levou as eleições municipais, discursava na tribuna, questionando os benefícios que Araxá já alcançou até agora com a aliança política entre Bosco, deputado estadual desde 2010, e Romeu Zema, governador de Minas Gerais desde 2018, o vereador-presidente Bosco Júnior protagonizou uma cena peculiar. Ele voltou à mesa diretora limpando o cotovelo e mostrou o gesto ao vice-presidente da Câmara, pastor Moacir, e ao secretário da mesa diretora, Evaldo do Ferrocarril.
O gesto, uma clara provocação ao vereador Luiz Carlos, fazia referência a uma suposta "dor de cotovelo" do parlamentar, que, apesar de ter obtido 1.066 votos, não conseguiu ser reeleito para a próxima legislatura.
Diante desse cenário, surge uma questão inevitável: será que Araxá enfrentará quatro anos marcados por imaturidade, revanchismo e desrespeito entre suas lideranças políticas?
Comments