Entre a beleza natalina e a realidade das contas públicas
- Gi Palermi
- 13 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Araxá amanheceu nesta terça-feira inebriada com a iluminação natalina. Ao abrir as redes sociais, a linha do tempo de qualquer perfil trazia os inúmeros compartilhamentos de um vídeo que mostra a vista aérea da Praça Governador Valadares totalmente decorada.
Um espetáculo de encher os olhos. O show de luzes é uma das ações que está contemplada no projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, que destina um milhão de 800 mil reais para a decoração natalina. Uma iniciativa importante que pretende não apenas embelezar a cidade, mas também atrair visitantes e impulsionar o comércio durante as festas de fim de ano.
Mas você sabia que a administração Robson Magela está em contenção de gastos? Sim. A cidade que figura entre as 10 no ranking de municípios mais ricos em Minas, segundo o levantamento do “Mapa da Riqueza no Brasil”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), se esforça para cortar gastos e fechar 2024 sem dívidas. De acordo com a lei, os prefeitos não podem deixar contas para o próximo ano. O resultado disso é que quem não soube equilibrar receita com despesa antes, agora precisa cortar gastos de qualquer jeito.
Sobrou até para o pãozinho dos servidores. Uma circular emitida pela Procuradoria Geral do Município em 30 de outubro anunciou a suspensão do fornecimento de pão à Secretaria de Saúde e às Unidades de Saúde vinculadas. Porém, ao que parece o corte não ficou por aí. Através de um desabafo de uma paciente em tratamento em Uberaba, a população de Araxá soube também do corte do fornecimento de marmitas aos pacientes. Segundo ela, no dia do post, havia 45 pacientes e só foi autorizado pedir 25 marmitas.
Outros pacientes que preferiram não ser identificados por medo de sofrerem retaliações também denunciaram cortes de suprimentos básicos e até no transporte também na área da Saúde.
Em um dos casos, a paciente que recebia por mês seis latas da fórmula pediátrica Neoadvance, sofreu a redução para apenas três latas. E a mãe está desesperada sem saber como fazer para arcar com os custos das outras três latas para garantir a alimentação de sua filhinha. Em média, cada unidade custa quase 300 reais.
Em outro caso, ainda mais grave, uma paciente que estava internada na Unidade de Pronto Atendimento - a UPA de Araxá - aguardando vaga de internação no Hospital São Domingos em Uberaba, teve negada a ambulância para o transporte. A família fez o trajeto com a paciente, mas em um carro de aplicativo.
Ainda há relatos de falta de sondas de alimentação e até de gaze para curativos.
A grande pergunta é: como a situação financeira da Prefeitura de Araxá chegou a esse ponto?
Segundo a própria administração Robson Magela a previsão do orçamento para 2024 era de 726 milhões de reais. Se houve queda na arrecadação porque não houve contenção de gastos antes? E em outras áreas como gastos com publicidade e propaganda, por exemplo.
E o mais importante porque cortar gastos logo na saúde pública afetando a vida e a dignidade dos mais humildes?
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