Médicos sem salário ameaçam parar
- Gi Palermi
- 25 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de mar.
A crise na saúde de Araxá se agrava. Os médicos da Santa Casa de Misericórdia estão sem receber seus salários há dois meses e caminham para o terceiro mês de inadimplência. Exaustos e sem respostas concretas, notificaram a instituição nesta terça-feira (25.mar.2025) sobre uma paralisação parcial e programada dos atendimentos, caso o pagamento não seja regularizado em 15 dias. A notificação também foi protocolada no Ministério Público e na Prefeitura de Araxá.
Agora, imagine você trabalhar o mês inteiro, cumprir seu horário, atender suas responsabilidades e, ao final dos 30 dias, abrir sua conta bancária e ver que o seu salário não caiu. O que você faria? Como pagaria as contas, sustentaria sua família, garantiria um mínimo de dignidade? Pois é exatamente essa a realidade dos médicos da Santa Casa, profissionais que dedicam suas vidas a salvar outras e que, ironicamente, agora lutam para não ver sua própria subsistência ameaçada.
A situação não é nova. Segundo os profissionais, os atrasos vêm ocorrendo há quase dois anos. A Santa Casa, embora seja uma entidade privada sem fins lucrativos, recebe repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) por prestar serviços à população. Atualmente, o hospital conta com um convênio com a Prefeitura de Araxá, que deveria garantir os plantões médicos. No entanto, esses pagamentos estão em atraso desde janeiro de 2025. A administração Robson Magela e Bosco Junior afirma veementemente que justamente pelo fato de a Santa Casa ser uma entidade privada, a Prefeitura não pode repassar subvenção direta. No entanto, é preciso esclarecer que existe um convênio em vigor, e a administração municipal tem o dever de cumprir com sua parte no acordo.
Com cerca de 120 médicos e uma folha de pagamento mensal ao corpo médico que gira em torno de R$ 920 mil, a situação se tornou insustentável para os profissionais. Trabalhar sem receber é como remar contra a maré sem avistar terra firme. E, ao contrário do que muitos pensam, médico também paga contas, tem família, aluguel, escola dos filhos e supermercado no fim do mês.
A crise não afeta apenas os profissionais, mas também toda a população, que corre o risco de ficar sem atendimento adequado. A paralisação anunciada afetará vários setores essenciais, como enfermaria, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pediatria, ginecologia e obstetrícia. Durante a suspensão, apenas os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos, garantindo mínima assistência aos pacientes.
Os médicos reafirmam sua disposição para o diálogo e aguardam uma solução concreta por parte das autoridades. Caso não haja uma regularização dos pagamentos, a paralisação parcial entrará em vigor no dia 9 de abril, agravando ainda mais a crise na saúde de Araxá.
Comments