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Não houve golpe nem tentativa de golpe

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 5 de abr.
  • 2 min de leitura

Quantas vezes o Brasil já viu grevistas fechando rodovias, militantes de partidos de esquerda ou de movimentos sindicais promovendo quebradeira de prédios públicos, terroristas do MST ou do MLST invadindo o Congresso Nacional ou black blocs tacando fogo em ministérios em Brasília? Pois é. O país já assistiu isso dezenas de vezes. E o que aconteceu com eles? Nada. Sem prisão em massa. Sem condenação exemplar.


Mas agora, com os réus do 8 de Janeiro, o tom mudou. Parece que, de repente, o sistema decidiu dar um “recado”. Só que o recado veio pesado demais. Gente simples, muitos sem sequer ter quebrado um cesto de lixo, está apodrecendo em presídios como se fossem terroristas internacionais. São pais, mães, avós e avôs… condenados a até 17 anos de prisão por caminhar em frente ao Congresso ou terem entrado em um dos prédios da Praça dos Três Poderes. O tratamento está além do aceitável, muito além. É desumano. Ferem-se princípios básicos de justiça e, pior, de humanidade.


Estão usando o Judiciário como espada de vingança. O que era para ser o último refúgio da razão virou palanque. Juízes que mais parecem militantes estão se servindo da toga para calar quem pensa diferente. Não é justiça, é revanche. Não aceitam a divergência política, e por isso querem destruir seus adversários.


Mas não se engane: tudo isso não é mais sobre política. É sobre humanidade. É sobre o que acontece quando o Estado vira as costas para o povo. Quando o castigo supera infinitamente o crime. Quando o medo passa a ditar as decisões.


Os presos do 8 de Janeiro não são monstros. São cidadãos que acreditaram em um Brasil melhor, talvez com ingenuidade, mas jamais com intenção de destruir o país. Foram levados pela multidão, como folhas levadas pelo vento. E hoje estão sendo esmagados como se fossem os autores de uma guerra que nunca existiu.


Não houve golpe nem tentativa de golpe. O que houve foi uma oportunidade para que os donos do poder transformassem um protesto bagunçado em palco de vingança. E a plateia, muitas vezes, aplaude sem perceber que o próximo pode ser ela.


Quem defende que se prenda por ideologia está cavando a cova da própria liberdade. Hoje são eles. Amanhã, qualquer um que ouse discordar do regime pode ser o próximo. O problema já não é mais o que fizeram — é o que estão fazendo com eles. E isso, sim, é um verdadeiro atentado contra o Estado de Direito.


Trata-se de um grito por justiça. Um apelo para que a verdade vença a narrativa. Porque a liberdade que tiram dos outros hoje pode ser a sua amanhã.

 
 
 

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