Produção atolada: o preço do abandono das vias rurais
- Gi Palermi
- 18 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Não são apenas as ruas da zona urbana de Araxá que se transformam em um mar de buracos nesta época do ano. Na zona rural do município, a situação das estradas é ainda mais crítica, gerando prejuízos e frustrações aos moradores e produtores locais. Caminhoneiros, especialmente, enfrentam grandes dificuldades para escoar a produção agrícola, acumulando perdas que poderiam ter sido evitadas com ações preventivas.
No início da semana, entre segunda e terça, dias 16 e 17 de dezembro, as redes sociais foram inundadas por imagens que ilustram o descaso com as estradas intermunicipais. Caminhões atolados e tombados no trecho entre Araxá e o Distrito de São José da Antinha, em Perdizes, evidenciam o estado precário das vias. As fotos são impactantes: um caminhão tombado com a carga de laranjas espalhadas pelo mato. E outros dois atolados, um carregado com batatas, o outro com areia.
Esses problemas causam transtornos que vão além dos prejuízos financeiros. Os acidentes bloqueiam o trânsito, impedindo a passagem de veículos menores. Motoristas que utilizam o trecho entre Araxá e o Rio Tamanduá, na divisa com Perdizes, relatam que o lado de Araxá está intransitável. Para seguir viagem, muitos precisam escolher qual buraco enfrentar, arriscando danos aos veículos e a própria segurança.
O problema é agravado pela falta de ação da gestão pública. Há mais de um ano, a ponte sobre o Córrego Grande, na estrada da Fazenda da Iara, caiu e o acesso foi interditado. A prefeitura, sob a administração de Robson Magela, prometeu a reconstrução, mas 12 meses se passaram e a obra não foi concluída até agora. A reconstrução poderia ter sido realizada no período da seca, mas a falta de planejamento atrasou a solução. Agora, com as chuvas intensas, o cenário piora e os motoristas só têm como rota alternativa a estrada do Aterro Sanitário, que também está em péssimas condições.
A falta de planejamento impacta diretamente o escoamento da produção local, que inclui não apenas cargas de laranja, batatas e areia, como vistas nas fotos, mas também produtos perecíveis como leite e queijo. O aumento no tempo e no custo de transporte encarece os produtos, prejudicando tanto os produtores quanto os consumidores finais.
E a indignação cresce com o recesso do setor administrativo da Prefeitura de Araxá, que se iniciou em 11 de dezembro e só terá fim em 2 de janeiro. Durante esse período, produtores e moradores não têm a quem recorrer. Com as secretarias de Agricultura e Obras fechadas, não puderam sequer registrar suas demandas e cobrar soluções. A ausência de respostas e ações efetivas por parte da administração municipal reforça a sensação de abandono.
O que vemos é a falta de organização e compromisso da gestão pública, que não aproveitou períodos mais favoráveis, como a seca, para realizar obras essenciais. Enquanto isso, os problemas se acumulam, impactando a economia local e a qualidade de vida da população. Esses prejuízos poderiam ter sido evitados com planejamento e gestão mais responsável.
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