Projeto quer salvar língua portuguesa em Minas
- Gi Palermi
- 10 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 9 de jun. de 2022
Intenção é proibir uso da linguagem neutra que é porta de entrada para a ideologia de gênero em salas de aula.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou no início nesta terça-feira (8 de março), parecer favorável ao Projeto de Lei (PL) 2271/2020 do deputado Léo Portela (PL) que proíbe o uso da linguagem neutra em instituições de ensino em todo o estado. Se o projeto se tornar lei o aluno mineiro terá restabelecido o direito de acesso ao ensino da Língua Portuguesa de acordo com a norma culta.
A proposta tramita na Assembleia mineira desde novembro de 2020 e prevê que a regra valha também para o material didático. Estão inclusas escolas públicas e privadas, além de editais de concursos públicos.
“A pessoa pode usar essas expressões nos sindicatos dela, nas redes sociais e nos grupos de amigos. O que eu acredito, no entanto é que as escolas precisam ensinar o uso correto da língua, que é patrimônio dos brasileiros. Não podemos deixar que atuações ideológicas busquem deturbar o ensino erudito correto da língua”, destacou o deputado Leo Portela em uma entrevistada concedida ao jornal O Tempo.
Segundo a proposta, a Língua Portuguesa deve ser aplicada aos estudantes de maneira culta e com “orientações legais de ensino estabelecidas com base nas orientações nacionais de educação, pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) e da gramática elaborada nos termos da reforma ortográfica pela comunidade dos países de língua portuguesa”.
Portela contou com a ajuda da professora de Língua Portuguesa Cintia Chagas para elaborar o projeto.
Projeto similar, de autoria do deputado federal Junio Amaral (PSL-MG) passou pela CCJ da Câmara dos Deputados, no final do ano passado. Outras propostas parecidas já foram aprovadas em Câmaras Municipais de cidades brasileiras.
O deputado Leo Portela defende outras pautas conservadoras na Assembleia mineira e é inclusive, autor da versão que tramita no legislativo estadual do famoso projeto “escola sem partido”, que é contrário a “doutrinação ideológica” nas escolas.
O que é "linguagem neutra"?
Nos últimos anos a "linguagem neutra" ou “linguagem não-binária” ganhou força em todo o mundo. Os que a defendem afirmam que ela teria o intuito de acolher as pessoas que não se identificam com os gêneros feminino e masculino. O dialeto propõe então modificações na norma culta da língua para anular as flexões de gênero nas palavras. Por exemplo, os termos “todas” e “todos” deveriam ser substituídos por “todes” para acolher todos os gêneros.
Mas a professora de Língua Portuguesa Cíntia Chagas critica veementemente a linguagem. Ela explica que, a norma padrão da Língua Portuguesa já inclui o gênero neutro. “Não faz sentido falar ‘todxs’ ou ‘todes’. Isso é um assassinato, uma esquizofrenia. No latim, nós tínhamos a terminação em ‘U’ que representava o gênero neutro. Quando o latim deu origem ao português, o masculino passou a compreender o gênero neutro. Por isso que, quando eu digo ‘boa noite a todos’ estou me referindo a homens e mulheres. Além disso, substituir as letras ‘a’ e ‘o’ ao final das palavras por ‘e’ com a pretensão de neutralizar o gênero é uma grande bobagem porque é algo totalmente arbitrário. Por exemplo, a palavra ‘pente’ termina em ‘e’ e continua sendo um termo masculino”, concluiu.
Ela acredita que todo mundo pode ser o que quiser. "No entanto, a vontade de uma ínfima maioria não pode prevalecer sobre uma língua que é patrimônio nacional, que carrega uma história. É óbvio que a defesa de valores é bacana, devemos viver numa sociedade inclusiva, mas não podemos aceitar a histeria coletiva. A língua portuguesa está sendo muito atacada. Primeiro as pessoas querem dominar o que falamos, para depois dominar como pensamos e, finalmente, o modo que agimos”, disse.
Cíntia também defendeu que, na realidade, o dialeto não é inclusivo como se propõe a ser. “O uso da ‘linguagem neutra’ prejudica o aprendizado nas escolas e não inclui ninguém. Isso porque atrapalha a compreensão das pessoas que têm dislexia, confunde os surdos que se comunicam através da leitura labial e atrapalha os cegos que leem através de softwares já que os aparelhos precisariam ser reconfigurados para abarcar o dialeto.”
A "ideologia de gênero" é uma política
A ideologia de gênero é uma ferramenta política ideológica que tem sido amplamente aceita na sociedade sob o disfarce da promoção da inclusão. Mas na prática é uma ferramenta para a desconstrução da identidade humana para favorecer uma agenda política ideológica.
Os ideólogos de gênero, sequer aceitam o uso do termo ideologia. Numa tentativa de mascarar a verdade mudam o termo ideologia para identidade. Mas é sim uma ideologia porque tudo parte de uma ideia. Ou seja, parte daquilo que cria a própria verdade e não tem compromisso em transmitir a verdade objetiva.
Na tese defendida pelos ideólogos de gênero, há uma dissociação entre sexo e gênero. E, isso é mentira. Nascemos no gênero humano e nosso sexo é biológico. Mas, para os ideólogos gênero é uma construção social cultural.
Nós não podemos transportar para as nossas escolas algo que é absolutamente refutável pela biologia, pela filosofia, pela teologia, por todas as áreas do conhecimento humano e pelo próprio intelecto, porque a própria razão humana já refuta esse tipo de ideologia.
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