Transfeminista se declara católica e pelo fim da família

As incompatibilidades e incoerências estavam na autobiografia no perfil do Instagram da pré-candidata pelo PCB e foram alvo de questionamentos nas redes sociais.

O print da tela principal do perfil no Instagram da pré-candidata a deputada federal por Minas Gerais pelo Partido Comunista Brasileiro Nina Rosa Lía, mais conhecida como Nina Espaguete, causou polêmica nas redes sociais na última semana. Isso porque as incoerências descritas na autobiografia da pré-candidata não passaram despercebidas. Nina se definia como travesti comunista, vegana e católica, militante, pré-candidata a deputada federal pelo Partido Comunista Brasileiro, pelo fim da família e a construção do socialismo.

Todos os que receberam a imagem, que foi amplamente compartilhada pelas redes sociais, passaram a questioná-la em seu perfil. Afinal, como é possível declarar-se cristã católica e comunista, se o comunismo é uma ideologia ateia que nega a existência de Deus. Por outro lado, como é possível declarar-se cristã católica e ao mesmo tempo militante pelo fim da família, se a família é a própria igreja doméstica, onde se vive em primeiro grau os mandamentos de Deus, onde se recebe a fé, ou seja, a família é a primeira célula onde o cristão vive a fé, e ela se torna experiência concreta.

Mas, assim como todo militante comunista, Nina parece não ter recebido bem os questionamentos. E, ao em vez de responder aos diversos comentários que a indagavam, preferiu recorrer ao vitimismo se escondendo atras da bandeira ideológica do "discurso de ódio" "LGBTfóbico".

Na última segunda-feira (6 de junho) o PCB publicou em seu perfil uma Nota de Solidariedade à Camarada Nina Espaguete onde afirma que a militante e pré-candidata havia sido exposta e estava sendo atacada pelas redes sociais.

Nina apagou sua auto-biografia em seu perfil no Instagram.

Candidatura

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) lançou em maio a pré-candidatura de Nina Espaguete, à Câmara dos Deputados. Com 20 anos, ela é uma travesti negra, que nasceu e vive em Belo Horizonte. O partido informou que ela teria começado a se interessar por política aos 12 anos devido às questões relacionadas à LGBTfobia e ao racismo terem se tornado um incômodo e motivo de inquietações pessoais. Atualmente, é popularmente conhecida por “Espaguete”, apelido de luta que recebeu na capoeira.

Estudante do curso de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a pré-candidata é católica militante e luta pelas causas comunista, vegana e (trans)feminista. Em 2019, juntou-se à União da Juventude Comunista (UJC) no movimento secundarista, já tendo participado de debates importantes no meio acadêmico, como “Transfobia como obstáculo para a construção de uma Universidade Popular: casos no meio acadêmico”, organizado pelo Movimento por uma Universidade Popular (MUP) de Belo Horizonte.

Cristão marxista?

O marxismo, base de toda e qualquer ideologia esquerdista, tem por princípio filosófico o materialismo dialético que, antes de tudo, nega a existência de Deus. O marxismo jamais poderá se associar ao Cristianismo. Isso foi o que ensinou Karol Wojtyła, o Bispo de Cracóvia que se tornou Papa João Paulo II.

Como ele escreveu na Encíclica Dominum et Vivificantem, de 1986:

[A hostilidade ao Espírito Santo] alcança sua expressão mais clara no materialismo, tanto em sua forma teórica – como um sistema de pensamento – quanto na sua forma prática – como método de interpretar e avaliar os fatos, e ainda como um projeto de conduta. O sistema que mais desenvolveu e levou essa forma de pensamento, ideologia e práxis às suas consequências extremas é o materialismo dialético e histórico, ainda hoje reconhecido como a essência do marxismo. Em princípio e de fato, o materialismo exclui completamente a presença e a ação de Deus, que é espírito no mundo e sobre todos os homens. Fundamentalmente, isso se dá porque ele não aceita a existência de Deus, sendo um Sistema que é essência e sistematicamente ateu.