top of page

Uma injustiça que custou caro

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 20 de fev.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 22 de fev.

A cidade de Araxá foi palco de um polêmico caso judicial envolvendo uma instituição de caráter social. A Fundação de Assistência ao Deficiente de Araxá (a FADA), que por mais de 40 anos prestou serviços essenciais a pessoas com deficiência e idosos, teve seu funcionamento abruptamente interrompido após uma investigação que resultou em acusações criminais contra seus gestores e prestadores de serviço. No entanto, depois de 5 anos de batalha judicial, todos os acusados foram absolvidos, provando que a instituição foi vítima de uma injustiça que levou ao seu fim.


Em 2020, a Polícia Civil de Araxá e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagraram a "Operação Malebolge" para investigar possíveis desvios de dinheiro público. A FADA acabou envolvida na 3ª fase da operação. Durante as investigações, os agentes encontraram cheques destinados ao pagamento de uma empresa de transporte. Mas, como essa empresa não estava realmente prestando o serviço, o dinheiro voltava para a instituição, que usava seus próprios veículos para transportar os assistidos, cobrindo os custos com pagamento do salário de um funcionário, combustível e manutenção.


Para facilitar o entendimento: imagine que você separou um dinheiro para pegar um carro de aplicativo, mas, ao invés disso, resolveu dirigir seu próprio carro. O transporte aconteceu, o dinheiro foi usado para a mesma finalidade, mas mesmo assim, tanto a Polícia Civil quanto o Ministério Público entenderam que havia algo errado.


Com isso, quatro pessoas foram denunciadas por peculato desvio, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Porém, durante o julgamento, ficou claro que eles não tinham se beneficiado do dinheiro público. Em agosto de 2023, a 1ª Vara Criminal de Araxá absolveu todos os envolvidos. Agora, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou a decisão e declarou, por unanimidade, a inocência dos réus.


Antes das denúncias, a FADA realizava cerca de 600 atendimentos mensais, sendo uma instituição fundamental para a assistência às pessoas com deficiência e idosos em Araxá. No entanto, com as acusações e a perda de credibilidade, a instituição viu suas atividades serem paralisadas e, posteriormente, encerradas. Em julho do ano passado, sua sede foi leiloada para pagamento de dívidas trabalhistas e o serviço prestado por décadas deixou de existir.


O encerramento da FADA deixou um vácuo na assistência social da cidade. Muitas pessoas que dependiam do suporte da entidade ficaram desamparadas, pois outras instituições locais não conseguiram absorver a demanda deixada por sua ausência. O impacto foi profundo, afetando não só os assistidos, mas também seus familiares, que perderam um suporte essencial para o cuidado de seus entes.


Apesar da absolvição, os envolvidos ainda enfrentam danos irreparáveis à sua reputação. A exposição midiática das acusações gerou um julgamento público precipitado, do qual poucos se preocuparam em corrigir agora, com a inocência totalmente comprovada. As manchetes que antes retratavam a suposta corrupção deram lugar ao silêncio quando os tribunais declararam que não houve crime.


Uma instituição que durante 40 anos prestou assistência às pessoas mais vulneráveis foi destruída não por provas concretas de corrupção, mas por um equívoco administrativo que poderia ter sido resolvido de outra forma. A responsabilidade ao acusar, investigar e divulgar informações deve ser tratada com seriedade para evitar que outras injustiças como essa se repitam.

Posts Relacionados

Ver tudo

Comments


Mais recentes

Arquivo

bottom of page