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Uso indevido do poder político

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 23 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

O uso da máquina pública para ganhar eleições não é só errado, mas também ilegal. Apesar disso, infelizmente, acontece em várias cidades do Brasil. Em Araxá, declarações de agentes políticos levam a crer que essa prática pode estar sendo tratada como algo normal. Uma postura perigosa que diminui a confiança nos políticos e nas instituições.


Um exemplo claro disso foi a fala do ex-vereador Romário do Picolé em um vídeo que circulou pelas redes sociais na última semana. Ao defender os servidores municipais no caso do atraso no pagamento do abono natalino, Romário disse que os servidores acreditaram no prefeito Robson Magela e trabalharam para reelegê-lo.


"A gente viu que o servidor público senhor prefeito, batalhou junto do senhor na campanha porque acreditava em você. Então honre com o servidor.", disse Romário no vídeo.


A declaração levanta uma questão séria: funcionários públicos devem ser imparciais no exercício de suas funções, e misturar o serviço público com campanhas eleitorais não é só errado, mas pode ser crime eleitoral.


Essa não foi a primeira vez que um agente político fez uma declaração pública dando a entender que a coligação "Juntos por Araxá" usou a máquina pública para reeleger o prefeito Robson Magela.


Em 8 de outubro de 2024, ocorreu a primeira sessão ordinária da Câmara Municipal de Araxá, logo após o pleito eleitoral. E nela, ao menos três vereadores deixaram escapar supostas ilegalidades ocorridas.


O vereador Raphael Rios, por exemplo, pediu aplausos para os secretários municipais. Ele enumerava motivos, que na opinião dele, teriam levado Robson Magela à reeleição. E entre esses motivos destacou a atuação do primeiro escalão do governo na campanha.


"Por ter um time muito qualificado que está aqui de secretários, porque eu acho que tem que dar uma salva de palmas muito forte pra esse pessoal aí também que se desdobrou muito na campanha", disse Raphael em seu pronunciamento.


Mas será que os secretários não deveriam estar trabalhando para o bem da população durante os quatro anos do mandato, em vez de focar em uma eleição ou reeleição em um período eleitoral?


Outro caso grave foi exposto pelo vereador João Veras. Ele disse que um setor da prefeitura foi praticamente fechado durante o período eleitoral para que funcionários trabalhassem na campanha de um candidato a vereador.


"Se você quer apoiar algum candidato, saia da Secretaria, entendeu? Vai trabalhar, vai pegar um salário do candidato. Agora ficar trabalhando, igual aconteceu, que eu vi, isso é uma coisa... trabalhando... Secretaria praticamente toda fechada pra ajudar ajudar ex-secretário, isso pra mim foi uma vergonha uma coisa dessa", disse João Veras.


Se ocorreu o que o vereador João Veras declarou em tom de desabafo, os serviços para a população foram prejudicados porque parte do funcionalismo público foi desviado para uma campanha eleitoral.


Por último, o vereador Dirley da Escolinha fez uma denúncia ainda mais séria. Ele afirmou que houve compra de votos em Araxá e ainda reclamou de não ter sido beneficiado pelo uso da máquina pública como outros candidatos.


"Espero que a Justiça de Deus, primeiramente, e a Justiça Eleitoral dá uma sondada aí nos bastidores porque infelizmente teve muita gente que ganhou de forma injusta, infelizmente comprando as pessoas. Por isso que eu estou falando, a máquina tem que pensar em todos, se pensasse em todos o cenário hoje era diferente. Porque tivemos votos, mas infelizmente não foi suficiente para sair."


Essas declarações deixam claro que algo muito errado está acontecendo na política de Araxá. O que é pior: parece que esse tipo de comportamento está sendo tratado como normal, como se fosse uma coisa comum. E isso não pode ser aceito!


Encarar práticas ilegais como parte do jogo político, ignorando o que é certo e legal, passa a ideia de que o crime compensa.


As declarações precisam ser investigadas pelo Ministério Público e a Justiça Eleitoral. Não basta punir os culpados; é preciso mostrar para todos que práticas como o uso da máquina pública e a compra de votos não são aceitáveis e têm consequências.


A política deve ser feita com honestidade e responsabilidade. A população de Araxá precisa exigir mais transparência e ética dos seus representantes. Se isso não for combatido, a democracia fica cada vez mais frágil, e quem perde é a sociedade.

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