Robson-Bosco distorce fala de médicos
- Gi Palermi
- 11 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de jun.
Após nota de repúdio dos médicos, gestão Robson Magela e Bosco Jr emite comunicado com distorções e acusações que não condizem com os fatos.
A nota de repúdio divulgada por 28 médicos da urgência e emergência de Araxá nesta terça-feira (10.jun.2025) escancarou uma realidade incômoda: o atraso recorrente nos pagamentos por parte do Município. Em vez de reconhecer o problema e buscar soluções concretas, a administração Robson Magela e Bosco Júnior preferiu se defender com uma nota oficial que mais confunde do que esclarece.
Assinada pela subsecretária de Saúde, Samira Alessandra Reis, a nota tenta reduzir a gravidade da situação. Alega que há apenas duas notas fiscais em atraso — um valor irrisório, segundo o texto — e afirma que os pagamentos seguem os prazos legais previstos. Mas o mais grave vem na acusação: a gestão Robson-Bosco imputa aos médicos a ameaça de paralisação dos serviços essenciais, algo que não aparece em nenhum trecho da nota de repúdio assinada pelo advogado Johnny Theodoro Rodrigues da Silva, procurador dos médicos.
A tentativa de criminalizar a categoria, colocando em xeque sua responsabilidade com a população, gerou ainda mais indignação entre os médicos. Eles, que até agora não deixaram de cumprir nenhum plantão, afirmam que sempre buscaram o diálogo e a resolução amigável dos atrasos. Somente após meses de tentativas frustradas é que decidiram tornar público o que vem acontecendo nos bastidores.
Contradições que saltam aos olhos
A nota da Prefeitura também traz outras contradições. Por exemplo, admite que houve atraso por “emissão tardia” das notas fiscais pelos próprios médicos. Mas não explica por que, então, o pagamento de abril só começou a ser feito em junho, mesmo com documentos entregues no prazo. Nem fala sobre as notas fiscais de complemento, que, segundo os médicos, vêm sendo exigidas sem justificativa clara, servindo como mais um entrave burocrático para postergar o que é de direito.
Outro ponto que chama atenção é a tentativa de mostrar que os médicos recebem “valores de plantão entre os mais altos de Minas Gerais”, como se isso anulasse a necessidade de pontualidade nos pagamentos. Nesta caso, não importa o valor, o que está em jogo é o compromisso com quem está salvando vidas todos os dias. Não se trata de luxo, mas de justiça.
O problema não é pontual
Enquanto a gestão Robson-Bosco tenta minimizar o caso e acusa os médicos de desinformação, a categoria reafirma que a situação não é um caso isolado, mas uma prática reincidente que gera desgaste, desmotivação e insegurança. A cada mês, os atrasos se repetem. E a falta de previsibilidade prejudica quem precisa pagar contas, sustentar família e seguir firme no atendimento diário à população.
O governo Robson-Bosco promete agora um novo modelo de gestão para os serviços de urgência e emergência. Mas enquanto esse modelo não sai do papel, os profissionais continuam à mercê da lentidão burocrática e do descaso administrativo.
Respeito se prova na prática
A gestão municipal afirma em nota que valoriza os profissionais e mantém o diálogo. Mas, na prática, acusa injustamente, ignora as denúncias e joga a responsabilidade para os próprios médicos. Faltou humildade para reconhecer as falhas e sobrou frieza para empurrar o problema com justificativas técnicas que não convencem.
A verdade é que os médicos só vieram a público porque não foram ouvidos no privado. E mais uma vez, quem paga a conta da má gestão é o servidor que trabalha — e o paciente que espera.




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