Dor e revolta após morte de criança por meningite
- Gi Palermi
- há 4 horas
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Família de Sophia Victória acusa negligência médica; administração Robson-Bosco abre investigação e manifesta solidariedade
A cidade de Araxá encerra esta semana ainda em estado de choque. O nome de Sophia Victória Josete dos Santos, de apenas 8 anos, ecoa nas redes sociais e nas conversas pelas filas de atendimentos em estabelecimentos comerciais na cidade.
Sophia morreu no dia 21 de outubro, vítima de meningite bacteriana, após dias de idas e vindas ao hospital. O caso gerou comoção desde que sua mãe, Franciele Cristina Lourenço, relatou a dor de perder a filha e a revolta com o atendimento recebido na rede pública de saúde.
Enquanto tenta lidar com o luto, Franciele enfrenta o que define como um “pesadelo sem fim”: o desafio de acolher uma filha recém-nascida em meio à dor da perda da primeira.
Entre o nascimento e a despedida
Sophia acompanhou toda a gestação da irmã. Pelos relatos da mãe nas redes sociais, era uma menina alegre, falante e curiosa — e vivia a expectativa da chegada da bebê com ansiedade e carinho.
Mas, no mesmo período em que Franciele se preparava para dar à luz, a filha começou a apresentar sintomas de febre e dor, que se agravaram nas semanas seguintes.
O primeiro apelo público de Franciele foi feito em 2 de outubro, quando Sophia já estava internada em estado grave no Hospital das Clínicas, em Uberaba.
Naquele dia, a mãe escreveu nas redes sociais pedindo corrente de oração e jejum pela recuperação da filha. Ela contou que, em Araxá, a menina havia sido medicada repetidas vezes sem a realização de exames e recebeu diagnósticos diferentes — de infecção de ouvido, depois caxumba e, mais tarde, epilepsia.
“O estado dela é grave, está internada com meningite, o cérebro todo comprometido pela infecção, por negligência dos médicos daqui de Araxá, que não tiveram compromisso em pedir exames. [...] Mas creio num Deus que faz o impossível e sei que um milagre vai acontecer”, escreveu.
Dias depois, o milagre que Franciele esperava não veio. Sophia não resistiu às complicações da meningite e morreu em 21 de outubro, deixando a mãe, o pai e uma irmã recém-nascida.
“Nada vai trazer minha filha de volta”
O luto se transformou em desabafo. Nas publicações seguintes, Franciele relatou que levou a filha diversas vezes ao hospital e implorou por exames mais detalhados. Disse que o primeiro diagnóstico foi “caxumba, sem exames, apenas olhando no Google”, e que os sintomas pioraram até a menina ter uma convulsão severa, perder a fala e ser transferida para Uberaba.
“Nada que falarem vai trazer minha filha de volta, mas quero justiça — não só pela Sophia, mas por todas as crianças que tiveram negligência médica e se calaram”, escreveu. “Minha princesa era saudável, ativa, cheia de sonhos. Agora nada faz sentido.”
Investigação aberta pela Prefeitura
Diante da repercussão do caso, a administração Robson Magela e Bosco Júnior divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira (22.out.2025). O texto confirma a instauração de um processo administrativo para apurar “possível falha no atendimento médico”.
Segundo o comunicado, a investigação buscará “identificar eventuais falhas de conduta, responsabilidades técnicas e administrativas” e avaliar os procedimentos adotados durante o atendimento.
“A Administração Municipal manifesta profundo respeito e solidariedade à família e reforça que não compactua com qualquer forma de negligência ou descumprimento de protocolos de saúde pública”, diz a nota.
A Secretaria de Saúde informou ainda que “novas informações serão divulgadas após a conclusão da apuração interna”.
Luto e esperança por justiça
Enquanto o processo corre, a cidade se divide entre o luto e a cobrança por respostas.
O caso de Sophia expôs, mais uma vez, a fragilidade da rede pública de saúde e a sensação de impotência de famílias que dependem exclusivamente dela.
Franciele diz que segue em busca de justiça, “não apenas pela filha, mas por todas as crianças que não tiveram voz”.
Entre o silêncio da dor e a promessa de apuração, Araxá espera que a morte de Sophia não se transforme em apenas mais um número nas estatísticas — mas em um alerta sobre a importância do cuidado, da escuta e do compromisso com a vida.




Esse povo não tem um pingo de sentimento com a dor dos outros como esse prefeito e os demais principalmente os médicos q trabalha lá no UPA irresponsável