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Câmara de Araxá aprova nova política de turismo

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 14 de out.
  • 3 min de leitura

Nova lei promete reestruturar o sistema turístico da cidade, mas se não sair do papel corre o risco de virar peça burocrática sem impacto real.


A Câmara Municipal aprovou nesta terça-feira (14.out.2025) o Projeto de Lei nº 204 de 2025, que cria a nova Política Municipal de Turismo de Araxá. A proposta, enviada pelo prefeito Robson Magela, em setembro, promete modernizar a gestão e colocar o turismo de volta ao centro das atenções.


O texto cria um Sistema Municipal de Turismo (SIMTUR), um Plano de Desenvolvimento Turístico (PMDT) e reestrutura o Conselho (COMTUR) e o Fundo de Turismo (FUNDETUR). No papel, tudo parece avanço. Mas o conteúdo levanta dúvidas: trata-se de um passo para o futuro ou apenas de uma maquiagem técnica para fortalecer a imagem da atual gestão?


Interesse público


Araxá vive do turismo. A Estância Hidromineral do Barreiro, o Complexo do Grande Hotel e das Termas, o artesanato e os eventos movimentam boa parte da economia local. Por isso, atualizar a legislação tem seu mérito.


A nova lei se encaixa nas exigências do ICMS Turismo, que garante repasses do Estado para os municípios que mantêm estrutura organizada no setor. É aí que mora o interesse público: assegurar recursos e melhorar o planejamento.


Ela também promete transparência, metas e participação social, por meio do COMTUR, que reunirá representantes do governo e do setor privado. Em tese, é um modelo moderno, que valoriza o diálogo e a gestão compartilhada.


Papel e poder


A aparência técnica, porém, esconde velhos hábitos. A cidade já tinha Conselho e Fundo de Turismo desde 2017. O que muda, de fato, é a roupagem.


As decisões do COMTUR, por exemplo, continuam dependendo da caneta do prefeito para valer oficialmente. Ou seja, a autonomia é relativa.


Com isso, o risco é claro: a nova estrutura pode virar mais uma vitrine de gestão. O discurso é de inovação, mas o controle continua na mãos de quem estiver no poder.


Reforma e retorno


O projeto vem poucos meses depois da reforma administrativa implementada pela administração Robson-Bosco em abril, quando foi recriada a Secretaria Municipal de Turismo.


A pasta ficou sob comando de Alda Sandra Barbosa Marques, nome conhecido da política local e ligada ao ex-prefeito Jeová Moreira da Costa — um dos apoiadores da reeleição de Robson Magela em 2024.


Na época, a nomeação foi vista como um gesto de gratidão política. Um aceno à velha guarda que ajudou Robson Magela a se manter no poder.

Alda volta ao cenário com prestígio, experiência e uma missão simbólica: transformar Araxá em destino de peso nacional — algo que, além de econômico, reforça a popularidade de qualquer governo.


Entre sonho e realidade


Agora, a secretaria comandada por Alda ganha mais instrumentos e poder. Se usar bem o novo sistema, pode de fato profissionalizar o turismo e gerar resultados concretos.

Mas se a lei ficar restrita a relatórios, reuniões e discursos, será apenas mais uma promessa bem escrita.


Araxá precisa de ações reais — não de papéis de luxo. O turismo local tem potencial imenso, mas continua refém "das vontades políticas" de cada gestão que passa pelo Poder Executivo.


O desafio, portanto, é transformar leis bonitas em resultados visíveis, capazes de gerar renda, emprego e orgulho de cidade turística. Resultados que perdurem além dos quatro anos de mandato.


Em resumo


O PL nº 204/2025 tem boas intenções, mas carrega uma velha dúvida: quem ganha mais com ele — o turismo de Araxá ou o marketing político da gestão Robson-Bosco?


A resposta virá com o tempo, quando as promessas saírem — ou não — do papel.

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