Vereadores do PL rompem o silêncio
- Gi Palermi
- 29 de abr.
- 2 min de leitura
A sessão ordinária desta terça-feira (29.abr.2025), na Câmara Municipal de Araxá, foi marcada por um momento incomum quando vereadores do PL — o partido cujo presidente de honra é Jair Bolsonaro, a maior liderança da direita brasileira — romperam o silêncio e levaram à tribuna temas nacionais sensíveis. Eles criticaram duramente o governo federal, a esquerda e a impunidade nos escândalos de corrupção no Brasil.
Alexandre Irmãos Paula, que preside o PL na cidade, encerrou seu discurso apontando o rombo no INSS como reflexo da má gestão e da corrupção nos altos escalões. Em tom inflamado, disse que a população mais pobre, que luta com um salário mínimo para pagar remédios, está sendo penalizada por desvios bilionários que envolvem servidores de alto nível. A Polícia Federal estima que o esquema de fraudes no INSS pode ter desviado mais de R$ 6,3 bilhões em benefícios indevidos.
O vereador também relembrou escândalos antigos, como o do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Foram 184 acusações, envolvendo a ocultação de cerca de R$ 40 milhões e movimentação de mais de US$ 100 milhões. Condenado a mais de 430 anos de prisão por diversos crimes, ele está solto e atua hoje como influenciador digital — de sua própria piscina. A operação Lava Jato identificou, ao longo dos anos, desvios superiores a R$ 42 bilhões. Já o mensalão — revelado em 2005 — expôs a compra de votos no Congresso Nacional e resultou na condenação de figuras centrais do governo petista, como José Dirceu.
Também o vereador César Romero, o Garrado, engrossou o discurso e foi ainda mais direto ao apontar o que chamou de aparelhamento da Justiça, comparando penas brandas para criminosos comuns às longas condenações aplicadas a manifestantes de direita. Mencionou penas de 14 e 17 anos para réus primários e a soltura de um narcotraficante internacional capturado com 52 kg de cocaína. Criticou ainda a tentativa de politização de símbolos nacionais, como a possível adoção de uma camisa vermelha para a Seleção Brasileira.
O tom dos discursos pegou de surpresa quem acompanha de perto a política local. Ambos os vereadores, embora filiados ao PL, costumam adotar uma postura mais neutra em plenário, buscando manter a imagem de políticos de centro que dialogam com diferentes correntes. A fala contundente desta terça-feira rompeu com esse padrão e revelou uma insatisfação represada.
O gesto de romper o silêncio e subir o tom pode sinalizar um novo posicionamento dos parlamentares do PL, num momento em que parte da base conservadora local não se sente representada diante dos rumos do país. Mas as próximas sessões devem mostrar se os desabafos desta semana foram um ponto fora da curva ou o início de uma nova fase na atuação política dos dois vereadores.




Comentários