Repasses atrasados deixam médicos sem pagamento
- Gi Palermi
- 1 de out.
- 2 min de leitura
Documento revela que administração Robson-Bosco não cumpriu cronograma de repasses, deixando dois meses descobertos e médicos sem pagamento.
O drama dos médicos da Santa Casa de Misericórdia de Araxá parece não ter fim. Pela terceira vez só neste ano, eles denunciam o atraso no pagamento de salários. Agora, os meses de julho e agosto seguem sem pagamento, e hoje é dia 1° de outubro. Ou seja, daqui a poucos dias, já será o pagamento do mês de setembro em atraso. A própria diretoria do hospital admitiu, em ofício divulgado aos médicos no último dia 24 de setembro, que os salários não foram quitados porque a Prefeitura de Araxá não respeitou a ordem dos repasses previstos em convênio firmado com a instituição. Em outras palavras, o dinheiro que deveria chegar não chegou — e os médicos ficaram, mais uma vez, sem receber.
A Santa Casa informou ainda que já cobrou o Poder Executivo Municipal para que regularize a situação. O ofício enviado à Secretaria de Saúde tem a mesma data que o comunicado aos médicos: 24 de setembro.
O documento revela que existe um convênio firmado entre a administração Robson Magela e Bosco Júnior e a Santa Casa de Misericórdia de Araxá para garantir o pagamento dos honorários médicos. Esse acordo, assinado em junho de 2024, previa recursos da ordem de R$ 7,3 milhões, com vigência inicial até março de 2025. Desde então, a cada renovação, a promessa era manter os repasses mensais em dia, já que são eles que asseguram a continuidade dos atendimentos.
Na prática, não foi isso que aconteceu. O ofício revela que os pagamentos não seguiram a ordem cronológica. Em algumas ocasiões, parcelas referentes a meses passados só foram quitadas muito tempo depois, deixando buracos no caixa da instituição. Agora, o atraso atinge justamente julho e agosto de 2025, descumprindo o calendário e deixando os médicos sem salário.
Segundo a direção da Santa Casa, a Prefeitura ainda não regularizou os repasses. Enquanto aguarda uma resposta da assessoria jurídica do Município, o hospital pede atenção especial ao caso para evitar que os atendimentos sejam comprometidos.
Por trás das cifras e dos termos de convênio, há histórias reais: médicos que acumulam plantões sem saber quando vão receber, famílias com boletos atrasados, profissionais que cogitam deixar Araxá por não suportarem mais a instabilidade. E, no fim, é a população quem mais sofre com esse impasse.
A Santa Casa pediu desculpas pelos transtornos, mas reconheceu que não consegue manter os serviços sem o cumprimento dos repasses. O hospital também alertou para a necessidade de restabelecer a ordem cronológica dos pagamentos, sob pena de agravar ainda mais a crise.
Enquanto a burocracia se arrasta, os médicos seguem firmes nos plantões, cuidando de vidas mesmo sem ter garantida a própria dignidade.
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