Robson Magela e o caso pix/piscina
- Gi Palermi
- 30 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jan.
Desde o início da campanha eleitoral, cresceu pelas ruas de Araxá a expressão: “pix/piscina”. Mas você realmente sabe do que se trata esse assunto e em que exatamente envolve o prefeito e candidato à reeleição, Robson Magela?
Antes de falarmos especificamente sobre o tal “pix/piscina”, é preciso compreender o que foi a Operação Ourímetro, deflagrada pela Polícia Civil em Araxá em fevereiro do ano passado.
A operação afastou o secretário municipal de Agricultura e Pecuária, Wander Prugger, do cargo e cumpriu 10 mandados de busca e apreensão, sendo um deles na casa do prefeito Robson Magela.
Naquela manhã, a população de Araxá soube que a Polícia Civil conduzia um inquérito investigando irregularidades praticadas por agentes públicos, empresários e prestadores de serviços, envolvendo o uso indevido de dinheiro público.
Como tudo corria — e ainda corre — em segredo de justiça, as informações divulgadas foram bastante superficiais.
O delegado Conrado Costa, da Delegacia de Repressão a Crimes Rurais de Araxá, limitou-se a dizer que as irregularidades apuradas ocorreram dentro da Secretaria de Agricultura, com superfaturamento das horas de serviço registradas nos horímetros — dispositivos que medem o tempo de funcionamento de máquinas. Daí o nome da operação.
Ainda conforme o delegado, os suspeitos teriam lesado o município por meio de pagamentos por serviços não prestados, pagamentos em duplicidade, superfaturamento de horas trabalhadas, desvio de combustível da Prefeitura e recebimento de vantagens financeiras.
Dois meses após as buscas, o prefeito de Araxá, Robson Magela, e mais 18 pessoas foram indiciados por pelo menos 10 crimes. A investigação encontra-se em trâmite na Sétima Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
No entanto, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Municipal de Araxá descortinou, em parte, a Operação Ourímetro. Foram realizadas 32 audiências, todas transmitidas e ainda disponíveis no canal oficial da Câmara no YouTube.
A cada depoimento, a população conheceu, nas palavras do delegado Conrado Costa, “um complexo esquema de corrupção” montado na administração de Robson Magela, envolvendo o alto escalão, servidores de cargos de confiança, empresários e prestadores de serviços, por meio do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário do Planalto de Araxá (CIMPLA).
Em termos simples, desde que assumiu a Prefeitura, Robson Magela, alegando falta de maquinário próprio suficiente, passou a contratar serviços por meio do consórcio CIMPLA, que possui empresas credenciadas para atender à demanda dos municípios associados.
Por praxe, os prestadores de serviços deveriam ser indicados em um sistema de rodízio. No caso de Araxá, esse critério não era respeitado.
As indicações eram feitas pelo próprio prefeito ou pelo secretário, direcionando sempre os contratos para três empresas:
BU Transportes (de propriedade de “Branco”),
L&A Locação (de Luciano Carequinha),
Transmeta (de Sérgio Andrino).
Com isso, tanto as empresas quanto os envolvidos no esquema obtinham vantagens financeiras indevidas.
Como se isso não bastasse, a CPI revelou que a maioria das máquinas e caminhões das empresas contratadas era, na verdade, de propriedade de servidores municipais ou de “laranjas” desses mesmos servidores.
Os problemas, no entanto, não param por aí. As empresas contratadas pelo CIMPLA, pagas com dinheiro público, também prestavam serviços em propriedades particulares e recebiam em duplicidade. Além disso, máquinas contabilizavam horas mesmo enquanto estavam paradas ou utilizando dois horímetros ao mesmo tempo.
É nesse ponto que surge o tal “pix/piscina”. Pelo menos três fazendeiros que contrataram os serviços da BU Transportes (empresa de “Branco”) fizeram pagamentos por meio de PIX para Renaldo Gomes de Moura Jr., responsável pela construção de uma piscina luxuosa na casa do prefeito Robson Magela.
Curiosamente, o prefeito vendeu a casa poucos dias antes da determinação judicial de bloqueio de seus bens.
Outro depoimento chocante na CPI revelou a prestação de serviços em propriedades de parentes de agentes públicos. Um dos operadores contou ter passado 40 dias realizando serviços com máquinas na propriedade do pai do deputado Bosco, avô do vereador e candidato a vice-prefeito Bosco Júnior.
Mesmo intimado, o prefeito Robson Magela não compareceu à CPI. Após ser indiciado, declarou que a Polícia Civil de Araxá, considerada uma das melhores do estado, “pode ter errado”.
Os fatos expostos são gravíssimos. O esquema completo só será revelado quando o processo judicial for concluído e o sigilo quebrado.
Até lá, ficam as perguntas:
Qual foi o valor total desviado dos cofres públicos em benefício dos envolvidos?
Quantos serviços pagos com o dinheiro suado da população de Araxá foram usados para custear bens em benefício pessoal do prefeito, de seus secretários e aliados?
Quantas vantagens e benefícios ainda serão descobertos?
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