Câmara aprova PPA sem transparência
- Gi Palermi
- há 15 horas
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Com mais de R$ 3,5 bilhões em jogo, maioria derruba propostas de transparência e aprova PPA fechado, distante de quem paga a conta.
Numa votação sem espaço para mudanças, a Câmara de Araxá aprovou nesta quinta-feira (04.dez.2025), por 9 votos a 4, o Plano Plurianual 2026–2029 — um pacote gigantesco que movimenta mais de R$ 3,5 bilhões do dinheiro do pagador de impostos, mas que passou sem nenhuma das emendas que dariam mais transparência e mais controle sobre como esse dinheiro será usado. Votaram contra o texto os vereadores João Veras, Professor Jales, Roberto do Sindicato e Rodrigo do Comercial Aeroporto.
O tamanho do PPA
O PPA aprovado prevê um gasto total de R$ 3.577.403.750,00 ao longo dos próximos quatro anos — um valor oficial que aparece no próprio anexo consolidado do planejamento enviado pela administração Robson Magela e Bosco Júnior, somando os exercícios de 2026 a 2029.
É dinheiro suficiente para transformar a cidade. É dinheiro que sai do bolso do cidadão, de cada imposto, taxa e tarifa. Mas o texto foi aprovado sem abrir a porta da transparência, sem regras claras de acompanhamento e sem mecanismos de fiscalização acessíveis ao cidadão comum.
Para onde vai
Nos papéis, o governo Robson–Bosco distribui esses mais de três bilhões entre a máquina administrativa, folha de pagamento, manutenção de prédios públicos, saúde, assistência social, programas educacionais, convênios, mobilidade e obras diversas. Tudo muito amplo, muito genérico e pouco explicado.
Falta clareza. Faltam metas compreensíveis. Faltam prioridades definidas com precisão. O PPA não conversa com o cidadão que acorda cedo, paga imposto e precisa de retorno real: médico no posto, rua sem buraco, transporte funcionando, segurança básica, atendimento digno. É um PPA que atende ao gabinete, não à população.
Emendas rejeitadas
A base governista rejeitou todas as emendas que tentavam iluminar o processo.
Professor Jales propôs que cada mudança futura no PPA viesse explicada, com transparência total. Também propôs um relatório anual simples, obrigatório, mostrando o que foi prometido e o que foi cumprido.
Rodrigo do Comercial Aeroporto tentou corrigir incoerências e limitar poderes excessivos do Executivo, impedindo alterações sem debate público.
Até uma emenda técnica, que apenas deixava claro que os valores do PPA são referenciais — como manda a legislação — foi rejeitada.
Ao todo, foram propostas cinco emendas. E todas foram derrubadas por 9 votos a 4. Votaram a favor da transparência e das emendas: Maristela Dutra, Professor Jales, Roberto do Sindicato e Rodrigo do Comercial Aeroporto.
O impacto no cidadão
Esse PPA não é um papel perdido em gaveta. Ele define para onde vai cada real tirado do bolso do trabalhor através dos impostos entre 2026 e 2029. E quando o texto passa sem transparência, o risco é o mesmo de dirigir à noite com faróis apagados: você anda, mas não sabe o que está à frente — e pode bater.
Para o cidadão, isso significa: mais dificuldade para acompanhar promessas. Menos clareza sobre o que será entregue. Menos poder de cobrança. E mais decisões tomadas longe dos olhos da população.
Enquanto o orçamento cresce, a transparência diminui. Sem transparência, o orçamento vira um labirinto.
Uma decisão política
A votação expôs uma escolha clara. De um lado, vereadores que defenderam a luz e a transparência. Do outro, uma maioria que preferiu manter tudo fechado e distante da população que paga a conta.
O PPA foi aprovado.
A transparência, não.




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