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Araxá pede socorro na saúde

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Casos recentes de diagnóstico tardio, demora em atendimento e mortes evitáveis acendem alerta e deixam famílias em dor e revolta em Araxá.


A saúde de Araxá está sangrando. E não é de hoje. A cada semana, uma nova família se levanta em dor, implorando para ser ouvida.


A história mais recente é de Talita Borges uma filha que perdeu a mãe. Dona Maria Aparecida Borges de Almeida lutava para se recuperar de uma cirurgia cardíaca. Ela perdeu a fala de repente, em casa. Mesmo assim, esperou mais de uma hora por atendimento na UPA.


Em seu desabafo em seu perfil em uma rede social, Talita conta o tormento que viveu entre idas e vindas de uma unidade de saúde à outra. Os vários diagnósticos médicos dados sem que tenham sido feitos exames. Contou o histórico clínico aos médicos e implorou por exames. Pediu pressa. Pediu socorro.


A mãe ficou dias internada. Gemia de dor. Colocava a mão na barriga. A filha insistia:


“Façam uma tomografia!”.

Responderam que não havia necessidade. Quando finalmente fizeram o exame… era Covid. O pulmão já estava tomado. Ela precisava de UTI. Não havia vaga. E quando a vaga chegou, já não havia mais tempo.


“Quando conseguiram o leito, já era tarde”, desabafou.

Essa é a realidade de quem depende da saúde pública de Araxá. Uma realidade de medo. De incerteza. De espera.


Infância interrompida


A pequena Sophia Victória, de 8 anos, não está mais com a família. Era uma criança ativa. Sonhava com a irmãzinha que estava para nascer. A mãe, Franciele Cristina Lourenço, recorreu à UPA várias vezes com a filha. Saiu com diagnósticos diferentes. Foi mandada para casa mais de uma vez.


Quando descobriram a meningite, já não havia tempo. O cérebro já estava tomado pela infecção. A mãe enterrou uma filha em resguardo da bebê recém-nascida. Não existe dor maior.


Alerta político


As histórias se acumulam. Nesta terça-feira (04.nov.2025), a vereadora Maristela Dutra fez o que tantas famílias imploram: colocou o dedo na ferida.


“Não dá mais para fingir que está tudo bem”, disse a parlamentar na tribuna.

Maristela falou da Sophia que morreu por falta de diagnóstico. De uma senhora que caiu, quebrou o braço e saiu com receita de dipirona. De uma grávida em pré-eclâmpsia que demorou a ter atendimento adequado. Da falta de exames quando eles são urgentes. Da falta de especialistas quando o quadro exige rapidez.


Ela disse que os médicos não podem ser vilões de tudo. Muitos estão de mãos atadas esperando autorização para um simples exame. O problema é maior. O problema é gestão. É falta de comando. É falta de cuidado


Os relatos chegam pelos corredores. Pelos celulares. Pelos aplicativos de mensagens. Cada família conta sua luta. Cada história tem um rosto. Cada rosto espera não ser o próximo número nas estatísticas.


O que dói não é só a perda. É a certeza de que poderia ter sido diferente.


Araxá não pode aceitar que diagnóstico tardio vire rotina. A cidade não pode se acostumar com a espera que mata. A vida não pode depender da insistência da família para que um exame seja feito.


Hoje, são as famílias da Sophia e da Talita que choram. Amanhã, pode ser a sua. Ou a minha.


A saúde de Araxá está pedindo socorro. E desta vez, quem não pode demorar a atender é o poder público.

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