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Clima azedou entre Câmara e Prefeitura

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 6 de mai.
  • 4 min de leitura

A reunião da Câmara Municipal de Araxá desta terça-feira (06.mai.2025) revelou o que pode ser o início de um desgaste na relação entre os vereadores e a administração Robson Magela e Bosco Júnior. Até parlamentares da base do governo, geralmente contidos, subiram o tom contra o Executivo, acusando secretários de ignorar pedidos oficiais e enviar respostas genéricas. A sessão teve até bate-boca entre a vereadora Maristela Dutra (PRD) e o coordenador de Comunicação da Prefeitura, Saulo Aguiar.

 

O que era para ser apenas mais uma sessão ordinária acabou virando palco de cobranças.

 

Tudo começou com o vereador Marciony Sucesso (PP), da base do prefeito Robson Magela, reclamando das justificativas que tem recebido do Executivo. Um exemplo foi o pedido de ampliação do estacionamento da UPA, feito em fevereiro, até hoje sem resposta decente. “Ninguém vai na UPA pra comprar um churrasquinho, quem procura a UPA é porque tem um problema. Então, que a Prefeitura olhe com mais atenção pra isso.”

 

Na mesma linha, Rodrigo do Comercial Aeroporto (Avante) também se queixou da falta de atenção com as demandas. Segundo ele, os vereadores têm recebido respostas sem nexo, que não condizem com a realidade da população. “Estamos aqui tentando fazer um trabalho respeitando a população de Araxá. O mínimo que a Prefeitura pode fazer é nos dar uma resposta plausível.”

 

Nem o presidente da Câmara, Raphael Rios (Cidadania) — aliado político do prefeito Robson Magela e do chefe de gabinete Germano Afonso — poupou críticas. Ele engrossou o coro, pedindo que os secretários respeitem os prazos e enviem respostas de verdade. Cobrou respeito à Lei Orgânica, que exige que os pedidos dos vereadores sejam respondidos de forma clara e no prazo legal. “O vereador leva uma demanda da população e não está recebendo respostas adequadas. Isso precisa mudar.”

 

Vereadora se defende

 

A situação ficou ainda mais tensa quando Maristela Dutra (PRD) usou a tribuna. Em tom firme, ela acusou a administração de divulgar informações falsas por meio da imprensa para descredibilizar seu trabalho e encobrir falhas. Segundo ela, enquanto os vereadores esperam resposta formal por escrito, a gestão tem preferido mandar notas para a imprensa simpática à atual gestão.

 

A vereadora apresentou no telão documentos sobre o não pagamento de repasses à Associação dos Estudantes de Araxá, referentes a 2024. Disse que, mesmo após cobranças oficiais e até pessoais ao secretário de Fazenda, não recebeu retorno adequado. “A nota da Prefeitura diz que tudo foi pago, mas no Portal da Transparência consta que está em aberto até hoje. Quem está mentindo?”, questionou.

 

Ela também revelou que verbas destinadas aos agentes comunitários de saúde, em 2020, foram usadas — segundo a própria administração — para pagar 13º salário. “Isso é desvio de finalidade. Fiz requerimento para o sindicato apurar essa possível irregularidade”, afirmou.

 

Outro tema abordado por Maristela foi a falta da vacina antirrábica fora do horário comercial. Ela recebeu denúncias de que pessoas mordidas por cães em fins de semana não conseguiram ser atendidas em Araxá e tiveram que ir até Uberaba para tomar a vacina. “A Prefeitura corre pra soltar nota chamando o povo de mentiroso, mas não corre pra resolver o problema.”

 

Discussão ao vivo

 

O que já estava tenso desandou de vez após o fim do pronunciamento de Maristela. Ao descer da tribuna, ela foi confrontada pelo coordenador de Comunicação da Prefeitura, Saulo Aguiar. Pela transmissão da reunião no YouTube, foi possível ouvir gritos no plenário. O presidente da Câmara precisou intervir e pedir “calma aos ânimos”.

 

Saulo Aguiar, que assistia à reunião, teria se dirigido à vereadora dizendo que “teria que desmenti-la de novo”. Exaltada, a vereadora questionou o que ele estava fazendo no plenário e se o trabalho dele era esse.

 

A vereadora anunciou que vai pedir providências à Mesa Diretora. “Ele não está aqui pra provocar vereador. Isso pode configurar assédio, perseguição e violência política. Não aceito esse tipo de comportamento, ainda mais de alguém que representa o Executivo”, declarou.

 

Outros demandas

 

Outros vereadores também levaram demandas do povo para a Tribuna. João Paulo da Filomena (Cidadania) destacou pedidos de recapeamento, sinalização viária, revitalização de praças e ações contra a dengue. Kaká da Mercearia (PP) falou sobre drenagem e pavimentação para prevenir alagamentos. Investigador Rodrigo (PP) apresentou três projetos ligados à saúde, habitação e transparência. Já João Veras (PP) pediu melhorias na acessibilidade, limpeza urbana e recapeamento.

 

Projeto aprovado

 

Durante a Ordem do Dia, foi aprovado por unanimidade o Projeto de Lei nº 70 de 2025, de autoria do Poder Executivo. A proposta autoriza a abertura de crédito suplementar no valor de R$ 611 mil para o Fundo Municipal do Idoso. O dinheiro será usado na execução do Projeto Mãos que Cuidam, voltado ao atendimento e amparo à população idosa de Araxá.

 

Câmara exige respeito

 

O clima de cobrança, tensão e enfrentamento exposto na sessão desta terça escancarou um mal-estar entre os vereadores e a Prefeitura. E, se não houver mais diálogo e transparência por parte da Prefeitura, o impasse tende a crescer — e quem mais perde com isso é a população.

 
 
 

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