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Câmara de Tapira aprova mudança na Mesa Diretora

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 14 de out.
  • 3 min de leitura

Alteração encerra o rodízio automático e abre caminho para nova eleição sob o domínio da base da prefeita Maura do Barroso. Oposição promete judicializar a questão.


A disputa política pela Presidência da Câmara Municipal de Tapira ganhou seu capítulo final — ao menos por enquanto. Nesta segunda-feira (13.out.2025), os vereadores aprovaram, em segundo e último turno, a Proposta de Emenda à Lei Orgânica nº 01/2025, de autoria da administração Maura do Barroso e Jamil.


A proposta muda as regras de sucessão da Mesa Diretora ainda nesta legislatura, alterando o equilíbrio de forças no tabuleiro político dentro da Câmara. Votaram a favor Elizeu Lourenço, Guilherme do Jamil, Índio, Juninho das Palmeiras, Kaká, Leandra Goulart e Neylson. Apenas Ana Paula e Duda do Cairo mantiveram posição contrária.


Fim do rodízio


A aprovação põe um ponto final no sistema que até aqui garantia um revezamento entre os quatro vereadores mais votados, respeitando a ordem das urnas. Era uma fila já prevista para a população, quase como um jogo em que cada um esperava sua vez para assumir o comando. Pela ordem, Ana Paula seria a próxima a presidir a Casa em janeiro. Mas o jogo mudou.


Com a nova regra, o rodízio cai e a escolha passa a ser feita por eleição aberta entre os vereadores, ainda neste fim de ano, valendo também para os demais cargos da Mesa Diretora.


Na prática, a bola agora está com quem tem a maioria na Casa. E como a prefeita Maura do Barroso comanda o time com folga, o resultado já é previsível: o poder deve continuar nas mesmas mãos.


Entre bastidores e contradições


Nos bastidores, a mudança soa como um xeque calculado no tabuleiro político. Um dos principais destaques é a reviravolta do vereador Elizeu Lourenço — ele que, em 2020, foi coautor da lei que instituiu o rodízio e da emenda que impedia alterações que fossem válidas na mesma legislatura. Agora, vota para derrubar a regra que ele próprio ajudou a escrever, alegando que o modelo seria inconstitucional.


Enquanto isso, o vereador Juninho das Palmeiras, que havia votado contra a proposta na primeira votação, mudou de lado e aderiu à base governista.


Para a oposição, as mudanças têm menos a ver com “constitucionalidade” e mais com conveniência política: a prefeita e o vice estão cassados em primeira instância e aguardam julgamento no Tribunal Regional Eleitoral. Se a decisão for confirmada, quem assume a Prefeitura interinamente é o presidente da Câmara.


Assim, a disputa pelo comando da Mesa virou também uma disputa pela linha de sucessão no Executivo.


A voz da oposição


Durante a sessão, a vereadora Ana Paula usou a tribuna para reforçar que vai questionar a emenda na Justiça. Segundo ela, a proposta nasce de um vício de origem e fere o princípio da anterioridade, já que muda as regras durante o jogo.


Ela considera que o Executivo ultrapassou o limite da interferência legítima:


“Se a preocupação fosse genuinamente jurídica, o caminho seria o da Justiça — e não o atalho oportunista de uma emenda em benefício próprio.”


Para a vereadora, o movimento da base é um ataque à independência do Legislativo e um retrocesso na construção democrática da Câmara.


Jogo encerrado


A sessão desta segunda-feira marcou o fim de uma novela que se arrastava desde setembro, entre anulações, emendas e protestos da população.


Com a aprovação definitiva, a proposta segue para promulgação, consolidando o domínio político da prefeita Maura do Barroso sobre o Legislativo.


Tapira assiste, mais uma vez, à velha coreografia da política: mudam os discursos, mudam as justificativas, mas o resultado é sempre o mesmo — o poder continua com quem segura a caneta.

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