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Quando o xerife vira o bandido

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • 28 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de mai.

Era uma vez um juiz que resolveu brincar de rei. Trocou a balança da Justiça por uma espada, e passou a cortar cabeças antes mesmo de ouvir as vozes. No Brasil, onde o sol nasce quadrado pra uns e nunca se põe pra outros, um homem que assenta em uma das 11 cadeiras do Supremo parece ter confundido Constituição com contrato de propriedade — e agiu como se tivesse comprado o país.


Para ficar só em dois exemplos, vamos relembrar os casos de Jason Miller e Elon Musk.


Lá em setembro de 2021, um americano chamado Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump, ia decolar de Brasília depois de cumprir agenda no Brasil, foi abordado no aeroporto como se fosse um fugitivo de guerra, interrogado pela Polícia Federal por ordem direta de Alexandre de Moraes. Não havia mandado. Não havia crime. Havia apenas o desejo de ensinar uma lição a quem ousa apoiar ideias diferentes das que saem das redações da velha imprensa ou dos gabinetes dos tribunais.


Parecia um caso isolado, coisa de momento. Mas não era.


Quatro anos depois, a toga pesou de novo — daquela vez sobre Elon Musk, dono da rede social X. Moraes, num gesto que mais lembra a truculência dos velhos coronéis de interior, mandou incluir o bilionário em um inquérito secreto, sem direito a defesa nem aviso prévio. A acusação? Desafiar ordens judiciais que mandaram censurar perfis e opiniões — muitos dos quais de brasileiros, outros de estrangeiros. E a ameaça veio com multa: R$ 100 mil por dia, como quem coloca preço na liberdade alheia.


Mas o mundo gira. E quando gira, pode dar nó.


Nesta quarta-feira (28.mai.2025), o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, jogou uma pedra no lago da hipocrisia internacional. Anunciou que os Estados Unidos vão restringir vistos de autoridades estrangeiras envolvidas em atos de censura contra cidadãos americanos — mesmo fora do solo americano. A mensagem foi clara como água de nascente: quem mexe com nossos direitos, não pisa mais aqui.


Rubio não citou nomes. Mas o silêncio disse tudo. O alvo tem nome, sobrenome e endereço conhecido: Alexandre de Moraes. O “xerife” do STF, que por aqui é visto por muitos como herói da democracia, lá fora é descrito como o que de fato se tornou — um censor togado.


A ironia da história é que os mesmos que aplaudiram a detenção de Jason Miller, e que vibraram com a tentativa de calar Musk, hoje se veem diante de um espelho. E o reflexo é feio: mostra um país que, em vez de exportar liberdade, passou a importar métodos de ditadores modernos. Tudo isso, claro, com uma embalagem bonita de “combate à desinformação”.


Mas liberdade de expressão não é prêmio de consolação nem privilégio de ideologia. É um direito natural. E direito não se negocia. Quem não entendeu isso ainda — mesmo que use camiseta do Che Guevara — precisa rever os conceitos.


Porque quando o ministro de uma corte suprema resolve bancar o censor-mor da República, o problema não é quem ele cala. É quem ele poderá calar amanhã.


O aviso, direto dos Estados Unidos, é: quem prende palavra, um dia vai ter que fugir dela.


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