top of page

Vereadores aprovam orçamento e rejeitam mudanças

  • Foto do escritor: Gi Palermi
    Gi Palermi
  • há 11 minutos
  • 3 min de leitura

Com R$ 830 milhões previstos para 2026, vereadores aprovam orçamento por 10×4 e barram emendas que mudariam prioridades e aumentariam o controle sobre gastos.


A Câmara de Araxá aprovou nesta quinta-feira (04.dez.2025), em reunião extraordinária, o orçamento de R$ 830 milhões para 2026. É muito dinheiro. Dinheiro que sai do bolso do trabalhador, do comércio, do imposto na conta de luz, no supermercado, no IPTU. Por isso, toda votação do orçamento deveria ser um momento de responsabilidade máxima. Mas, não foi o que se viu.


O substitutivo ao Projeto de Lei n° 191 de 2025 passou por 10 votos a 4. Votaram contra: Professor Jales, Roberto do Sindicato, Rodrigo do Comercial Aeroporto e Alexandre Irmãos Paula — que depois pediu correção da votação em ata. O vereador João Paulo da Filomena desistiu das cinco emendas que ele mesmo tinha apresentado. O vereador Garrado também retirou a sua. O relator da Comissão de Finanças, Jairinho Boges, também recuou da emenda supressiva que havia protocolado.


No fim, apenas duas emendas sobreviveram:

– R$ 70 mil para apoiar a Festa do Congado, apresentada pelo Professor Jales;

– R$ 250 mil para a Associação de Pais e Autistas, apresentada por Maristela Dutra.

Foram as únicas mudanças feitas no orçamento dos R$ 830 milhões.


Emendas rejeitadas


Quando olhamos o que foi rejeitado, entendemos melhor quais são as prioridades políticas dentro da Câmara.


Professor Jales apresentou dez emendas. As nove rejeitadas pretendiam financiar Carnaval de rua, Semana do Contador de Histórias, cultura afro-brasileira, compra de livros para a Biblioteca Municipal, ônibus para a Biblioteca Móvel e ônibus para estudantes. Também sugeria recursos para eventos culturais diversos.


Maristela Dutra tentou destinar R$ 760 mil para fortalecer o trabalho das associações de reciclagem, que vivem na ponta, separando lixo enquanto a cidade produz montanhas de resíduos todos os dias. A proposta foi rejeitada. Ficou só o dinheiro para os autistas.


Controle barrado


Já o vereador Roberto do Sindicato apresentou três emendas que não mexiam com festas, nem com eventos, nem com cultura. Mexiam com poder. Ele queria impedir que o prefeito Robson Magela pudesse remanejar dinheiro público por decreto, sem passar pela Câmara. Também queria reduzir a liberdade do Executivo de mexer no orçamento de 30% para 10%. E queria obrigar que toda mudança fosse feita por lei, para garantir transparência. Tudo rejeitado.


Em outras palavras. Emendas que tratavam de controle do dinheiro público foram derrubadas. Emendas que tratavam de responsabilidade fiscal e vigilância sobre o Executivo foram derrubadas. Sobrou quase nada além de dois ajustes pontuais.


Impacto na população


O orçamento de R$ 830 milhões vai seguir praticamente intacto. A estrutura de poder e de gasto continua concentrada na gestão Robson-Bosco. E a Câmara renuncia ao seu papel mais importante: ser fiscal da aplicação do dinheiro que sai do bolso do cidadão para o cofre da Prefeitura.


Quem mora em Araxá e vê buraco na rua, ônibus lotado, fila para exames médicos ou consultas com especialistas e acúmulo de lixo precisa entender que orçamento não é papel. Orçamento é vida real. É atendimento, é remédio, é escola, é transporte, é fiscalização. Quando se rejeita uma emenda que aperta o controle de gastos, quem perde não é o vereador. É o povo que paga a conta.


A casa aprovou R$ 830 milhões. Dinheiro suficiente para transformar a cidade inteira. Mas, sem enfrentamento político e sem coragem para mexer onde realmente incomoda, Araxá corre o risco de viver mais um ano em que o orçamento existe no papel… e falta na prática.


Se a promessa é cuidar das pessoas, o primeiro passo é cuidar do dinheiro delas. E isso não deveria ser pedido: deveria ser obrigação. Hoje, infelizmente, não foi.

Posts Relacionados

Ver tudo
Câmara aprova PPA sem transparência

Com mais de R$ 3,5 bilhões em jogo, maioria derruba propostas de transparência e aprova PPA 2026–2029 fechado, distante de quem paga a conta

 
 
 

Comentários


Mais recentes

Arquivo

bottom of page